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Como o sono impacta no processo de aprendizagem?

O sono é uma necessidade vital do corpo humano, tendo a sua relevância, continuamente subestimada. Aproximadamente um terço do período de vida é destinado, essencial para o bem-estar físico, mental e emocional. Além de potencializar a memória, refletindo-se no processo de aprendizagem.

O sono compete um estado fisiológico complexo, crucial para a manutenção da saúde física. Neste processo, o corpo elabora diversas funções significativas, como a produção de hormônios responsáveis pelo crescimento e reparação dos tecidos, regulação da temperatura corporal, eliminação de toxinas e fortificação do sistema imunológico. Ademais, dormir se faz essencial para o funcionamento adequado do coração, dos vasos sanguíneos e do sistema nervoso.

Para além dos benefícios físicos, este processo é vital para a saúde mental e emocional. Dormir bem, reduz o estresse, a ansiedade, estimula o bom humor, amplia a capacidade de concentração e memória. No entanto, a privação do sono pode elevar o risco de depressão e ansiedade, tal qual, acarretar disfunções como irritabilidade e fadiga.

Um sono de qualidade está diretamente relacionado ao desempenho cognitivo. Durante este percurso, o cérebro consolida a memória e auxilia na assimilação de novos elementos. Posto isto, uma noite de sono de qualidade é crucial para estudantes e profissionais se manterem alertas e concentrados no decorrer do dia.

O sono possui fases, e dentre elas, existe um intervalo onde o cérebro processa o conteúdo obtido recentemente, “filtrando” os dados, armazenando o que é notável.

O sono desempenha um papel essencial na condução da memória. O cérebro materializa o conteúdo compreendido, armazenando-o na memória de longo prazo. Portanto, dormir adequadamente é fulcral para se ter uma mente saudável.

O organismo se recupera fisicamente durante à noite, se curando e removendo resíduos metabólicos que se acumulam durante os períodos de atividade. Distintas fases compõem o período do sono, contendo propriedades singulares.

Fase 1: Sono leve

A primeira fase é nomeada como sono leve. O corpo inicia o relaxamento dos músculos, reduzindo a atividade mental. Gradualmente a respiração e a frequência cardíaca se tornam mais lentas. A fase de sono leve é fundamental para a transição do estado de vigília para o sono e geralmente dura cerca de 5 a 10 minutos.

Fase 2: Sono intermediário

A fase sono intermediário qualifica-se pelo início do sono profundo, representando cerca de 50% do tempo integral do sono em adultos saudáveis. No decurso, sucedem processos de limpeza e reparação celular, onde regula-se a temperatura corporal e a pressão arterial.

Fase 3: Sono profundo

O sono profundo ou sono de ondas lentas, condiz a fase de maior índice de restauração do sono. Nela, o exercício cerebral enfraquece significativamente e os músculos são plenamente relaxados, liberando hormônios de crescimento, materializando a reparação celular.

Fase 4: REM (Rapid Eye Movement)

Na fase REM ou Movimento Rápido dos Olhos, ocorrem os sonhos mais vívidos. A respiração e atividade cerebral se elevam significativamente, as ondas cerebrais se tornam aceleradas, irregulares e os olhos se movimentam rapidamente para os lados. É atribuída nesta fase, a consolidação da memória e regulação emocional.

Segundo Jakke Tamminen, professor de psicologia da Universidade Royal Holloway, do Reino Unido, o período REM consolida e retêm memórias, tanto de vocabulário, quanto gramática. A interação de distintas partes do cérebro é essencial nessa condição. Durante o sono non-REM, o hipocampo, designado pelo aprendizado acelerado, está em constante comunicação com o neocórtex, incumbido pela consolidação da memória de longo prazo.

Uma pesquisa do laboratório do sono e sonhos da Universidade de Ottawa, no Canadá, constatou que o cérebro de estudantes sonhando em francês era capaz de criar novas conexões com o idioma que eles estavam aprendendo.

Os sonhos, vão além das repetições dos fatos ocorridos durante o dia. O estudo sugere que as regiões do cérebro vinculados a lógica (o lóbulo frontal) e a emoção (a amígdala) interagem de modos divergentes no período dos sonhos, permitindo essas novas conexões imaginativas ao aprendizado do idioma.

Indivíduos que exercitam um novo idioma, detinham mais sono REM. Possuindo maior intervalo para integrar o conteúdo assimilado enquanto dormiam, potencializando os resultados durante o dia.

Ciclo do sono

As quatro fases do sono ocorrem em um ciclo que se repete regularmente durante a noite. Cada ciclo tem cerca de 90 minutos de duração, percorrendo por todas as etapas.

Existem múltiplos tipos de memória, e cada um deles é afetado pelo sono. A memória declarativa, de forma análoga, é responsável pelo armazenamento de informações factuais, consolidada durante o sono de ondas lentas, conhecido como sono profundo. Por sua vez, a memória procedimental, vinculada ao armazenamento de habilidades motoras e procedimentos, se consolida durante o sono REM, ciclo em que ocorrem os sonhos.

Indivíduos privados de um sono de qualidade, estão mais propensos a terem falhas na memória. O sono de qualidade produz energia para o corpo e mente, elevando a capacidade produtiva. Um sono de qualidade eleva a capacidade de atenção e concentração, essencial para o processo de aprendizagem e memorização.

Dado que, um indivíduo extenuado, tem o seu período de foco reduzido, apresentando dificuldade em processar informações. Visto que a mente, demanda um período para descanso e relaxamento, para posteriormente, obter novos dados e conteúdo.

Segundo Kandel, vencedor do Prêmio Nobel sobre estudos referentes a memória, o sono é um “estado altamente organizado, gerado pela ação cooperativa de muitos componentes comportamentais e neurais”, conforme pesquisas na esfera da neurociência, o sono e a aprendizagem estão profundamente interligados.

Durante esse ciclo, acontece a perda reversível do estado de consciência, desse modo, adotamos uma postura estereotipada (deitados e de olhos fechados) e compreendemos um período de reduzida atividade motora. Dormir em períodos curtos ou insuficientes, reduz a capacidade cognitiva e o desempenho nos estudos. Eleva a sonolência diurna, alterando o humor, afirma Fernando Louzada, neurocientista da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

O sono noturno contribui para a consolidação das memórias declarativas ou não-declarativas. A falta de sono torna os jovens mais propensos a desenvolver obesidade, diabetes e depressão. Aprendizagem é um processo que envolve a absorção, processamento e armazenamento de informações em nosso cérebro.

O sono está diretamente vinculado ao fortalecimento da memória, processo pelo qual o conhecimento é absorvido e modificado em conteúdo de longo prazo. Essa consolidação transcorre durante o sono, quando o cérebro reorganiza e reforça as conexões neurais originadas durante o circuito de aprendizagem.

A privação do sono pode afetar negativamente a consolidação da memória. Uma pesquisa publicada no Journal of Neuroscience, apontou que a escassez do sono reduziu a capacidade dos participantes de recordar palavras em uma tarefa de memória verbal.

Em contrapartida, o sono adequado otimiza o processo de aprendizagem. Pesquisas publicadas na revista Nature Neuroscience, e no Journal of Sleep Research, citaram que o sono elevou a retenção da memória em uma tarefa de aprendizagem pertinente às habilidades motoras.

Uma rotina saudável de sono, varia entre 7 a 9 horas, transição ocorrida entre indivíduos adultos. Para além das horas dormidas, a qualidade do sono e o descanso, interferem diretamente no processo de aprendizagem e retenção do conhecimento.

O ambiente e a regulação do sono são imprescindíveis para se obter um sono de qualidade. O corpo necessita de horários padronizados para o sono, identificando antecipadamente o período que o corpo deverá descansar e despertar, gerando benefícios para a saúde, tornado os dias mais ativos e as noites moderadas.

Indivíduos que usufruem de um sono de qualidade, estão mais propensos a analisar informações complexas e examinar as opções de modo eficiente, o que leva a decisões mais consolidadas e capacidade de solucionar adversidades.

Outrossim, o sono regular estimula a criatividade e associação de ideias para o desenvolvimento de conexões entre conceitos aparentemente desconectados, criando soluções inovadoras.

De acordo com Tamminen, “… dormir é realmente uma parte central do aprendizado. Mesmo que você não esteja estudando, quando está dormindo, seu cérebro está estudando. É quase como se ele estivesse trabalhando por você. Por isso você não terá o retorno esperado do tempo que aplicou aos estudos se não dormir bem”.

Vencedor do Prêmio Nobel de Medicina Michael W. Young, produz pesquisas referentes a relógios genéticos. Este, aponta que para um funcionamento adequado – seja na escola, no trabalho, ou em outras áreas da vida – “o que se quer fazer é tentar recriar um ambiente rítmico”.

Em suma, conforme o artigo: Porque dormir deveria ser a prioridade de todo estudante, publicado na BBC News, existe um componente genético para o número de fusos do sono que os indivíduos retêm. Similarmente, há uma base genética para o nosso relógio biológico, capaz de nos indicar o período ideal em que devemos dormir e acordar. Aderir a esses ciclos naturais é uma condição basilar para se atingir o pico de performance cognitiva.

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