Procrastinação é um fator contumaz, por vezes subestimado, que afeta os indivíduos em alternados períodos da vida. Comportamento humano caracterizado por adiar a execução de tarefas, atividades ou obrigações, mesmo quando relevantes e urgentes.
É um modo de evitar o enfrentamento de uma situação desconfortável ou desagradável. Embora a procrastinação possa parecer inofensiva em um primeiro momento, ela apresenta consequências nocivas a longo prazo.
A procrastinação acarreta em efeitos negativos na vida pessoal e profissional, incluindo impactos na carreira e nos estudos.
É recorrente estudantes apresentarem resistência em concluir tarefas acadêmicas se sentindo sobrecarregados pelo volume de atividades, o que os leva a procrastinar. Esta, impacta profundamente a vida acadêmica, resultando em baixo desempenho, carência de oportunidades e estresse.
Procrastinação entre jovens
De acordo com um estudo publicado na revista científica “Frontiers in Psychology”, a procrastinação é comumente entre jovens estudantes em diversos países, deteriorando o desempenho acadêmico. O estudo indicou a associação desta, à falta de motivação e autocontrole.
Um estudo elaborado na Universidade de Valência, na Espanha, identificou uma correlação entre a procrastinação e a avaliação subjetiva que os indivíduos criam de si mesmos. O estudo apontou que os estudantes universitários que procrastinavam eram mais propensos a ter baixa autoestima e a experimentar sintomas de ansiedade e depressão.
Por sua vez, a Universidade de Sheffield, no Reino Unido, apontou que a procrastinação é recorrente em estudantes que apresentam uma baixa autoeficácia e que não estão convencidos da sua própria capacidade de realizar tarefas acadêmicas com excelência. Assim sendo, a procrastinação está correlacionada a demais fatores, como ansiedade, estresse e privação de sono.
Possíveis causas da procrastinação
Falta de motivação
Ausência de motivação ou sentido ao executar uma tarefa, inclinando a adiá-la.
Falta de clareza
Adia-se a tarefa, quando não está claro o que precisa ser desenvolvido e o seu escopo.
Perfeccionismo
Há indivíduos que se sentem paralisados por receio de cometer erros ou apreensão em não alcançar as metas estipuladas.
Distrações
Quando há distrações em excesso, como redes sociais, televisão ou demais estímulos visuais e auditivos, torna-se desafiador manter o foco e executar as tarefas almejadas.
Ansiedade
O estresse ou a ansiedade acometem a execução das atividades rotineiras.
Consequências da procrastinação na vida acadêmica
Baixo desempenho
Ao procrastinar os jovens destinam pouco tempo aos estudos, acarretando em baixo desempenho acadêmico. Quando um estudante procrastina em relação a um trabalho pertinente, não dispõe tempo suficiente para concluí-lo adequadamente, acarretando um resultado aquém da expectativa.
Perda de oportunidades
Quando os jovens procrastinam, perdem oportunidades relevantes, como participar de programas de intercâmbio, obter bolsas de estudo e desenvolver pesquisas acadêmicas.
Falta de progresso
Ao adiar uma atividade relevante reduzimos a possibilidade de evolução das metas e objetivos, gerando o sentimento de estagnação.
Atrasos em projetos
Retardar a entrega de projetos, atividades e trabalhos em grupo, impacta a produtividade e a colaboração da equipe.
Segundo o artigo O que Gates e Bezos fazem logo de manhã para aumentar a produtividade? Publicado na revista Exame, Bill Gates, por exemplo, afirma que começa o dia correndo na esteira e assistindo vídeos educacionais. O CEO do Twitter, Jack Dorsey, diz que medita por 30 minutos e depois faz exercícios físicos. Já Jeff Bezos prefere evitar qualquer reunião de trabalho antes das 10 horas da manhã, e faz “coisas em casa” antes.
A rotina dos bilionários, aparentemente, inclui um tempo para si próprios durante a manhã – e tem bons resultados na produtividade deles durante o dia. Então a lei das primeiras coisas (que não é física e não tem nada a ver com Newton) pode significar que passar um tempo fazendo algo que não tenha relação com o serviço logo ao acordar pode melhorar o seu humor e o seu ritmo de trabalho. O que pode ser ainda uma ajudinha extra em tempos de home office por conta do novo coronavírus.
Conforme o artigo Procrastinação é apontada em pesquisas como principal mal entre estudantes, publicadono portal da Universidade Federal de Juiz de Fora, o fenômeno é motivacional e envolve aspectos individuais, e também ambientais. “Pode estar associada a aspectos como autoeficácia, impulsividade, baixo autocontrole e organização, distratibilidade e as crenças que o indivíduo tem sobre si e sobre a tarefa a ser realizada”. Um hábito perigoso, que, conforme a docente, “pode levar à depressão, ansiedade extrema e estresse, além dos prejuízos de desempenho acadêmico, influenciando a aprendizagem”.
Isto posto, a procrastinação é tida como um dos maiores desafios educacionais na atualidade. Um fator que traz implicações para a saúde mental, emocional e física. Não se restringe apenas ao uso inadequado do tempo ou desorganização, mas da ausência de gerenciamento emocional, dispondo energia e longos períodos com distrações que tem consequências de curto prazo.
Uso do mindfulness para mitigar a procrastinação
A técnica habitualmente destinada ao tratamento de indivíduos com depressão, ansiedade, estresse e para dependentes químicos em reabilitação. Tem como escopo ampliar a atenção nas atividades e afazeres executados no momento vigente.
Segundo Afonso Damião, psicólogo e professor da UFJF, tal como, especialista na técnica mindfulness, orienta como evitar a procrastinação:
– Preste atenção na sua respiração, no ar entrando e saindo das suas narinas, o modo como você respira, seu pulmão enchendo e esvaziando de ar e foque nisso.
– Quando estiver andando, preste atenção no seu modo de caminhar, nos seus pensamentos e tente organizá-los nas tarefas diárias, das mais urgentes às mais simples.
– Na hora da sua refeição, tente sentir o sabor da comida, foque nos temperos e na sua mastigação, e concentre-se nisso.
Ao praticar estas técnicas diariamente, Damião salienta que é possível identificar as diferenças no corpo e na mente. “É uma evolução diária e um trabalho prático, igual aprender a nadar, não adianta saber a teoria e não praticar, senão afundará na água, é um conjunto”.
